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Arquitetos: LIJO.RENY.architects
- Área: 725 m²
- Ano: 2023
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Fotografias:Praveen Mohandas

Descrição enviada pela equipe de projeto. Situada ao longo de uma paisagem cênica, "a Casa que Encontra o Rio" emerge sutilmente, misturando-se ao seu entorno verdejante enquanto embeleza o que pode ser considerado o local mais cativante de Thiruvalla, Índia. Abraçando um estilo arquitetônico brutalista, mas caracterizada pela elegância da simplicidade em sua escolha de materiais, esta residência incorpora uma profunda ressonância poética com seu ambiente. Ela nutre uma conexão íntima e significativa entre seus residentes e o distinto entorno natural, forjando um laço harmonioso que transcende o ordinário.

Este volume possui dois lados contrastantes. Sua face voltada para a rua é privada e oculta, mas, na porção posterior, a casa se abre para a deslumbrante vista panorâmica da curva do rio Manimalayar, criando uma atmosfera ideal para contemplação e relaxamento, reforçando a ideia de calmaria.


Apesar de se tratar de um volume situado à beira-rio, a presença do rio não se revela imediatamente na entrada. Em vez disso, o lado oeste da propriedade, voltado para a via, é marcado por um denso paisagismo, concebido para mitigar o ganho solar. A vegetação robusta suaviza as linhas precisas da construção e, com o tempo, deverá envolvê-la completamente na paisagem, conforme o desejo dos proprietários.


Desde o início, a atmosfera da casa instiga uma sensação de tranquilidade. Afastando-se do design convencional, a área externa está intencionalmente desconectada das principais áreas de estar. Uma abordagem cuidadosa e em múltiplas camadas foi empregada neste projeto, onde a circulação é mediada por um espaçoso pátio central repleto de vegetação tropical, complementado por pequenos bolsões internos de vegetação que servem como espaços contemplativos, promovendo uma conexão biofílica mais profunda com a vida diária dentro da casa.



A sala de estar formal preserva uma sensação de separação em relação ao restante da casa, ao mesmo tempo em que mantém uma conexão visual e espacial com o pátio central, promovendo uma transição harmoniosa entre os ambientes internos e externos. Já os demais espaços da residência se orientam para a margem do rio. No térreo, distribuem-se uma área de convivência familiar, um pátio para refeições, a cozinha, dois dormitórios com banheiros privativos, uma piscina de raia e pátios interligados. No pavimento superior, encontram-se uma segunda sala de estar e dois quartos adicionais com banheiros, todos cuidadosamente posicionados para tirar pleno partido da vista generosa para o rio.


A intensidade das chuvas nas colinas molda o curso do rio, gerando fluxos em constante transformação. Sua coloração também varia, influenciada pelas mudanças sazonais e pela força das monções, por vezes tornando-se quase estático, com um tom negro e profundo. O projeto da casa acolhe essa natureza mutável, tirando partido da brisa constante à beira do rio para criar ambientes que não apenas proporcionam frescor, mas também mantêm uma conexão sensível e contínua com a beleza atemporal da paisagem fluvial.




Os quartos e pátios voltados para o rio são banhados pela luz opulenta do sol da manhã, projetando sombras e reflexos dinâmicos do rio nas paredes e no teto. No entanto, à medida que o sol sobe, a cena pacífica dá lugar ao calor escaldante e à alta umidade. Para combater os extremos do sol intenso e da pesada chuva, o projeto apresenta telas deslizantes de metal perfurado estrategicamente integradas, cobrindo todas as grandes aberturas que não estão voltadas aos pátios. Um sistema de travamento personalizado as mantém no lugar durante condições climáticas severas. Essas telas filtram efetivamente a luz solar intensa, complementadas pela sombra de lajes em balanço, mitigando o impacto do sol e atenuando a ferocidade da chuva, equilibrando harmoniosamente controle climático, segurança e conforto, criando um ambiente interno sereno e protegido.




Uma sequência de degraus em alvenaria conduz ao quintal à beira do rio, configurando-se como um elemento marcante do projeto. Durante as chuvas intensas, prevê-se que o quintal, junto com esses degraus, se inunde, reforçando a conexão entre a casa e o rio. Conforme o nível da água sobe, os degraus vão sendo progressivamente cobertos, criando uma transição fluida e visualmente impactante entre o espaço construído e o curso d’água. Essa solução enfatiza a relação dinâmica entre a intervenção arquitetônica e as forças naturais, ao mesmo tempo em que oferece um recurso estético que se transforma com o ritmo das estações.


Embora nenhuma enchente, incluindo a grande inundação de 2018, tenha atingindo o nível do térreo, atenção meticulosa foi dada à seleção de materiais resistentes às intempéries tanto para os exteriores quanto para os interiores. A paleta da casa é crua, robusta e durável, acentuando as qualidades táteis de seus materiais através de textura, padrão, cor e geometria. O envoltório apresenta predominantemente alvenaria de pedra e concreto aparente, projetado para envelhecer graciosamente ao longo do tempo e se misturar ao entorno. Os móveis e a decoração mantêm uma estética discreta, alinhando-se à paleta de cores suaves do projeto. No entanto, obras de arte nas paredes e roupas de cama selecionadas introduzem toques de cores vibrantes para contrabalançar a monotonia. Notavelmente, algumas das pinturas foram criadas pelos próprios arquitetos e seus amigos artistas, incluindo uma peça pintada pela filha do arquiteto.

Na interação poética entre arquitetura e natureza, "a Casa que Encontra o Rio" transcende uma mera residência, tornando-se uma sinfonia viva de design, meio ambiente e experiência humana. Cada elemento, desde os degraus inundados pela chuva até os pátios paisagísticos, reforça um diálogo harmonioso entre os mundos construído e natural. Esta casa não é apenas um abrigo, mas um santuário onde os ritmos do rio e os sussurros do vento compõem uma narrativa de serenidade e resiliência em constante evolução. Ela se ergue como um testemunho da beleza atemporal do rio Manimalayar, convidando seus residentes a viverem em profunda conexão com a paisagem, eternamente ancorados em seu suave fluxo e refluxo.



















































